Este ano, o Congresso das Açordas assume um novo formato e transforma-se em Quinzena Gastronómica, decorrendo entre 22 de março e 7 de abril, em 15 estabelecimentos de restauração do concelho de Portel.
O evento, promovido pelo Município de Portel, foi apresentado à comunicação social no dia 8 deste mês. Além da degustação deste prato típico alentejano, no restaurante da Praia de Alqueva, foi realizado um passeio pelo Lago de Alqueva, com partida da Praia da Amieira e com a colaboração da Alqueva Cruzeiros, e ainda uma visita ao Museu do Medronho, na aldeia de Alqueva.
Em nota de imprensa, é realçado que “considerando a gastronomia alentejana um elemento fundamental na estratégia de desenvolvimento sócio cultural, patrimonial e económica do território, o Município de Portel decidiu na presente edição do Congresso das Açordas realizar o evento com um novo formato”.
Nesse sentido, a mesma fonte adiantou que vai ser promovida “uma Quinzena Gastronómica nos restaurantes e similares do concelho, associando ao evento um programa diversificado de animação, com iniciativas enogastronómicas e culturais”.
É ainda referido que “o objetivo é contribuir para uma mais diversificada e mais qualificada oferta turística, sensibilizando, em particular, todos os agentes económicos da área da restauração e contribuindo para a sua dinamização e promoção”.
A par disso, o município pretende “valorizar desta forma a gastronomia tradicional alentejana e, em particular, um dos seus pratos mais emblemáticos a açorda que, em Portel, assume ‘mil e uma variantes’”.
A apresentação da Quinzena Gastronómica Congresso das Açordas contou com as intervenções de José Manuel Grilo, presidente da Câmara de Portel; do chef António Nobre; e de José Casas Novas, provedor da Confraria Gastronomia do Alentejo.
Em declarações aos jornalistas, José Manuel Grilo revelou que, “este ano, tentámos envolver os restaurantes do concelho para aderirem a este projeto”, reiterando que “só não temos aquele evento concentrado com uma tenda”.
Acrescentou que “temos os restaurantes envolvidos, vamos ter à mesma diferentes iniciativas e debates, também a presença do cante alentejano à hora das refeições nos diversos estabelecimentos, em especial nos fins de semana, e ainda muita animação, com destaque para um espetáculo final (com Miguel Azevedo)”.
Na sua opinião, o congresso “envolve o público de uma forma diferente, mas envolve muito mais o concelho, não ficando só concentrado na vila de Portel”, justificando “que é também por isso que mudámos um pouco o nosso figurino”.
O autarca evidenciou que, “desta vez, é uma quinzena, não está restrito a quatro refeições”, sublinhando que “vai também coincidir com a época da Páscoa, o que permite aos habitantes do concelho e aos visitantes frequentarem os restaurantes e provarem uma boa açorda”.
O presidente da Câmara de Portel recordou ainda que “ligado às açordas temos depois todos os outros aspetos turísticos”, apontando que “a gastronomia é um meio de divulgar turisticamente os concelhos”.
Por sua vez, José Casas Novas destacou que “este evento é importante enquanto divulgação daquilo que é a gastronomia alentejana no seu conjunto, a importância que ela tem como um fator cultural e turístico e, fundamentalmente, na preservação dos usos e costumes de cada região”.
O provedor da Confraria Gastronomia do Alentejo exemplificou que “até de localidade para localidade, usando os mesmos condimentos, há terminologias diferentes”.
Constatou que, “praticamente, é uma micro região que se resume a Portel, Vidigueira e, eventualmente, Mourão que chama açordas a tudo aquilo que serão ensopados, ou seja, sopas de pão que levam líquido por cima”.
Na sua perspetiva, “esta diferenciação mostra a importância que todos estes eventos têm, até na preservação e desenvolvimento dos fatores sociológicos e antropológicos que estão por trás da própria gastronomia”.
Já o chef António Nobre, considerou que “há um processo de evolução neste evento”, referindo que “devemos continuar a criar novas iniciativas para os visitantes e para as pessoas da terra”.
Durante a sua intervenção, apelou ao presidente da Câmara de Portel para que “não deixe morrer este evento porque, à semelhança de outros, o Congresso das Açordas mantém viva a gastronomia alentejana”.
Questionado sobre isso, António Nobre frisou que “se estes eventos terminarem, esta cultura gastronómica pode acabar por morrer porque os nossos jovens não vão conhecer estes pratos e mais ninguém vai fazer um ensopado ou uma açorda”.
A conferência “Portugal 2030 – Novos Desafios para o Setor do Turismo e Agroalimentar” logo no primeiro dia, workshops e showcookings, mercadinho de produtos da terra, exposições, animação itinerante pelos vários estabelecimentos aderentes ou o IV Encontro de Confrarias Enogastronómicas do Alentejo são algumas das iniciativas que complementam o programa da Quinzena Gastronómica Congresso das Açordas 2024.
Pode ver a reportagem vídeo no seguinte link:
https://www.youtube.com/watch?v=MyO6l-z-WGs&t=17s
Texto: Redação DS / Marina Pardal
Fotos: DS