Foi nos dias 1 e 2 deste mês que Évora acolheu o Encontro Nacional de Técnicos da CONFAGRI, que decorreu no Hotel Vila Galé, juntando cerca de 500 participantes.

Organizado pela CONFAGRI – Confederação Nacional das Cooperativas Agrícolas e do Crédito Agrícola de Portugal, o evento, que já vai na décima edição, reuniu dirigentes e técnicos de diferentes organizações de agricultores de todo o país.

O objetivo da iniciativa foi discutir as principais medidas de política agrícola, incluindo também o primeiro grande debate legislativo do setor agroalimentar, que contou com representantes do PS, PSD, CH, IL, PCP, BE e CDS-PP.

Em declarações ao Diário do Sul, Idalino Leão, presidente da CONFAGRI, disse que “realizamos este encontro já há dez anos, em diferentes pontos de Portugal, tendo havido o interregno da pandemia”.

Acrescentou que “juntámos aqui em Évora os nossos técnicos e dirigentes espalhados por todo o país e contámos com cerca de 500 participantes”, adiantando que “envolvemos também os vários organismos da tutela do Ministério da Agricultura para esclarecer dúvidas e planear a campanha de 2024”.

De acordo com o mesmo responsável, “aproveitando o contexto político que estamos a viver, organizámos também o primeiro debate para as Legislativas no que toca ao setor agroalimentar”.

Explicou que “convidámos todas as forças com representação na Assembleia da República e em Bruxelas porque no nosso caso concreto a agricultura tem muito a ver com a PAC (Política Agrícola Comum)”.

Idalino Leão sublinhou que “vieram aquelas que aceitaram e que acharam que a agricultura e os agricultores têm um papel importante a desempenhar e, obviamente, aquelas que não vierem também iremos registar para memória futura”.

Destacou que “pretendemos ouvir o que os partidos que vão a eleições no dia 10 de março pensam e qual é a estratégia para o setor, mas também apresentámos o nosso caderno de reivindicações e se este é ou não o momento de assumirmos o setor agroalimentar como estratégico e fundamental para o nosso país”.

No que se refere a essas reivindicações, o presidente da CONFAGRI enumerou algumas, nomeadamente que “para nós é muito importante que os custos fixos associados à energia (gasóleo e eletricidade) sejam no mínimo equiparados no contexto ibérico e nesta duas rubricas isso não acontece, o que implica que o agricultor português começa logo a perder competitividade no mercado”.

Para o mesmo responsável, “também deve haver uma equidade fiscal a nível ibérico nos produtos agroalimentares, além de ser preciso definir uma estratégia global para o país a nível agrícola daquilo que queremos, eventualmente com clusters regionais mais vocacionados para determinados produtos”.

Defendeu ainda que “é importante definirmos o que vamos fazer com a água que cai, a qual não seguramos e vai parar toda ao mar, pois quando chegar o verão vamos todos precisar de água”.

Na sua opinião, “temos de assumir o papel do agricultor e desmistificar alguns mitos ausentes de sustentação científica, mais baseados em complexos ideológicos”, exemplificando que “nos manuais escolares quase que dizem que os agricultores são os maiores poluidores, mas, por outro lado, na roda dos alimentos consta aquilo que os agricultores produzem”.

A respeito da tutela, Idalino Leão defendeu um “Ministério da Agricultura, Alimentação, Desenvolvimento Rural e Florestas”.

Mostrando-se solidário com a revolta dos agricultores, constatou ainda que “só não percebia isso quem viva alheado do que se passa no campo”, lembrando que “é que importante que a tutela, o Governo e toda a sociedade percebam e reconheçam a importância do setor agroalimentar nacional”.

Texto: Redação DS / Marina Pardal
Fotos: DS

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