Foi durante a pandemia, quando o país (e o mundo) estava confinado, que Ana Rita Janeiro sentiu necessidade de inventar algumas histórias que fizessem rir os seus quatro filhos, partilhando-as também com amigos.
Depois de já ter umas quantas, houve até vontade de as publicar, mas acabou por desistir da ideia por considerar que num universo tão vasto de livros, o seu não “teria muito a acrescentar”.
Depois de ter colocado esse seu sonho quase na “prateleira”, acabou por surgir uma reviravolta, bem ao estilo dos melhores enredos.
Foi assim que a escritora e ilustradora Ana Rita Janeiro começou a contar o seu percurso neste mundo, durante a entrevista realizada na Rádio Telefonia do Alentejo, a propósito do seu novo livro “Histórias em Caixas de Sapatos”.
Formada em Arqueologia e em Serviço Social, a autora tem-se dedicado às artes plásticas nos últimos anos, tendo já passado pela área da decoração infantil e contando com a realização de várias exposições de pintura.
Do seu currículo também faz parte a decoração do espaço infantil da Biblioteca Pública de Évora, realizada em março de 2022, tendo depois surgido o convite para apresentar uma história na Feira do Livro desta cidade. Foi assim que criou a atividade “Uma Casinha de Ratos”, que deu depois origem ao seu primeiro livro “Frederico e Constantina”, em novembro do mesmo ano.
A esse respeito, Ana Rita Janeiro recordou que “ainda não tinha pensado muito na publicação do livro, mas quando fui convidada para fazer a apresentação da atividade nas bibliotecas de Oeiras disseram que seria importante ter esse suporte físico, pelo que tornei o livro real muito mais cedo do que imaginei”.
Foi uma edição de autor, tendo sido essa a “receita” também para publicar o novo livro, apresentado em dezembro do ano passado.
“Quando surgiu a atividade das ‘Histórias em Caixas de Sapatos’ eu já sabia que em breve iria ter um novo livro porque o processo seria semelhante”, recordou a autora.
Nesta obra, encontramos seis histórias, que têm como ingredientes “uma toca de coelhos vazia, uma lengalenga ou um menino apaixonado, que busca o presente perfeito para a sua amada”.
É ainda possível conhecer “uma canção de embalar de uma mãe para um filho que resiste a adormecer; uma caixa de bolachas que é devorada por um monstro (será?); e o surpreendente rap da Ana Bacana”, que, segundo a escritora, “é uma adolescente que não encontra o seu lugar no mundo”.
Além das histórias base que estão registadas no livro, há outras que podem ser apresentadas nas sessões realizadas por Ana Rita Janeiro. “Esta atividade tem essa versatilidade de poderem ser criadas novas histórias que se vão adaptando ao público ou à época que vivemos, por exemplo”.
Quanto à origem deste novo projeto, a autora explicou que numa das muitas apresentações que tem feito pelo país com “Uma Casinha de Ratos”, houve uma vez que levou também uma história que construiu dentro de uma caixa de sapatos. Acabou por ser um “sucesso” e estava aí o início desta aventura mais recente.
“As crianças começaram a entusiasmar-se com essa ideia das caixas de sapatos, iam partilhando as atividades que também faziam e acabou por ganhar uma dimensão que eu não estava à espera”, assumiu Ana Rita Janeiro.
Lembrou ainda que “até tinha um outro projeto para concretizar primeiro, que possivelmente irá avançar este ano, mas tive de colocar esta atividade das ‘histórias em caixas de sapatos’ à frente”.
A par disso, focou que “dá força ao objetivo de qualquer uma das minhas atividades, que é passar às crianças a mensagem de que é possível inventar histórias com todos os objetos que nos rodeiam”.
A autora reforçou que “o grande objetivo é as crianças ouvirem uma história e levarem dali alguma coisa nova, podendo ter um papel ativo, construir algo”.
Considerou também que “a caixa de sapatos era o grande mote para elas facilmente criarem alguma coisa”.
Para a escritora, “é muito importante poder contar histórias que sejam inventadas por mim e depois fazer essa ligação com os trabalhos manuais, dizendo às crianças que também devem inventar histórias, brincar com a sua imaginação e fazer uma ‘pausa’ nas novas tecnologias”.
Em 2023, foram muitos os locais onde Ana Rita Janeiro levou as suas atividades, cerca de 30 localidades diferentes, se bem que em algumas delas as sessões decorreram em mais do que um sítio, como é o caso de Évora.
“Um dos grandes sonhos que eu tinha era andar de norte a sul de Portugal a trabalho porque sou muito apaixonada pelo nosso país e ainda nem acredito que isso está a acontecer”, confessou, realçando que podem contactá-la através das redes sociais para saber mais sobre as suas apresentações.
Mostrou-se também satisfeita porque “praticamente todos os clientes que eu consigo conquistar voltam a querer repetir a experiência com uma grande brevidade”, confidenciando que “para mim essa é a grande prova de que aquilo que estou a fazer tem alguma qualidade e de alguma forma marca a diferença”.
Dizer ainda que a escritora e ilustradora também já esteve em programas de televisão, nomeadamente a apresentar as suas histórias e a fazer algumas atividades com materiais reutilizados, mas até a confeção de uma sopa de cação em direto já teve oportunidade de mostrar.
Os dois livros de Ana Rita Janeiro estão à venda nas livrarias Nazareth e Fonte de Letras, em Évora, e brevemente vão estar disponíveis na FNAC Évora, além da autora também enviá-los para todo o país.
Texto: Redação DS / Marina Pardal
Fotos: DS