Uma equipa de investigadores da Universidade de Évora, Universidade de Lisboa e da Universidade de Leida (Espanha), liderada por Filipe Banha do MARE – Centro de Ciências do Mar e do Ambiente, a trabalhar a partir do Departamento de Paisagem, Ambiente e Ordenamento da Universidade de Évora, publicou recentemente um estudo onde se analisou o papel dos pescadores na introdução de peixes invasores.

Perca-sol

Os peixes invasores são uma das principais ameaças à sobrevivência dos peixes nativos e afectam também actividades sócio-económicas como a pesca. Face a este problema, esta equipa de investigadores aplicou inquéritos a pescadores da Península ibérica, para estudar a frequência das introduções de peixes, utilização de peixes como isco-vivo e preferências de pesca.

Alburno

Apesar de ser ilegal e de apenas 5% dos pescadores usarem peixes como isco-vivo, a libertação de isco-vivo no final da sessão de pesca pode ser responsável pela introdução não intencional de mais de 270 000 peixes invasores todos os anos. Isto pode explicar como peixes invasores como o alburno (ou ablete), um dos peixes mais utilizados como isco vivo, invadiu tão rapidamente as bacias hidrográficas de toda a Península Ibérica. Este mesmo trabalho permitiu estimar ainda que todos os anos os pescadores desportivos são responsáveis pela introdução intencional de cerca de 140 000 peixes invasores nas águas doces da Península Ibérica. A introdução intencional de espécies invasoras é também proibida por lei, mas continua a ser praticada por alguns pescadores desportivos.

Chanchito

Estes resultados permitirão melhorar a gestão das pescas em água doce em Portugal em Espanha, nomeadamente no que diz respeito à preparação de planos de acção para a prevenção de dispersão de espécies invasoras.

Peixe-gato

Pode consultar aqui o artigo completo da revista científica “Reviews in Fish Biology and Fisheries”: https://link.springer.com/article/10.1007/s11160-023-09819-x)

por Filipe Banha * [email protected]

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