Há cerca de dois anos, eram 18, hoje são praticamente 90. Falamos do número de atletas de futebol feminino no Lusitano Ginásio Clube (LGC), de Évora.

Este crescimento tem vindo a fomentar-se e já é notório no número de equipas existentes, bem como no facto de todos os escalões competirem em futebol feminino.

Em entrevista ao Diário do Sul, Luís Dias Santos, coordenador técnico de Futebol Feminino do LGC, deu a conhecer o trabalho que tem sido feito.

“O futebol feminino tem cerca de oito anos no clube, mas com esta nova estrutura e coordenação teve início na época 2021/22”, recordou, explicando que, “anteriormente, existiam apenas duas equipas (Sub15 e Sub19), uma que atuava a nível distrital, outra que fazia campeonato nacional, mas não havia uma linha do rumo a seguir, até porque estava englobada na coordenação do futebol masculino”.

Foi já no pós pandemia que o caminho a seguir passou a ser traçado. “Eu estava a trabalhar na equipa sénior do clube, entretanto saí e surgiu o convite para assumir a estrutura do feminino e de criarmos uma separação entre o que era o masculino e o feminino”, adiantou o mesmo responsável.

Segundo Luís Dias Santos, “um dos principais objetivos que traçámos logo foi apetrechar o feminino de recursos humanos, dar-lhe uma estrutura mais coesa e mais coerente e investindo mais nesta vertente, para que elas só se preocupassem em jogar futebol”, especificando que, “atualmente, temos 22 pessoas que estão a trabalhar em exclusivo para o feminino”.

Não obstante esta visão, assumiu que “nesse primeiro ano foi muito difícil, tínhamos apenas duas equipas e demos continuidade àquilo que existia anteriormente”, lembrando que “começámos com 18 meninas, que eram divididas por duas equipas”.

O mesmo coordenador destacou que “apostámos muito na divulgação do futebol feminino e, neste momento, das 18 passaram a ser praticamente 90 atletas, tendo aumentado também o número de equipas”.

Apontou que “temos a equipa com as meninas mais novas que fazem o ‘Joga à Bola’, um programa de caráter lúdico da Associação de Futebol de Évora; e depois temos equipas de Sub11, Sub13, Sub15, Sub17, Sub19 e Sénior, o que significa que temos atletas desde os 8 aos 25 anos”.

O LGC tem vindo a tentar que as equipas femininas apenas joguem com outras equipas de raparigas. “Nós queremos que elas só joguem com meninas desde o mais cedo possível e optámos por ter todos os escalões em provas de futebol feminino”, disse Luís Dias Santos, constatando que “esta é a nossa opinião, até porque chega a uma idade em que elas já não se sentem bem em jogar com rapazes”.

Revelou ainda que “desde as de Sub11 até às de Sub15, as nossas equipas competem a nível distrital; a de Sub17 compete em Setúbal e a de Sub19 e a Sénior estão em campeonatos nacionais, respetivamente, o Nacional Sub19 e a Terceira Divisão Nacional”.

O mesmo responsável garantiu que “já conseguimos alguns feitos em termos desportivos, embora não seja aquilo que mais valorizamos, pois há coisas mais importantes, mas obviamente que preferimos aprender ganhando”.

Nesse âmbito, realçou que, “o ano passado, com as Sub19 estivemos nas meias-finais da Taça Nacional de Sub19”, dando ainda conta de outras conquistas recentes, como “a Taça Distrital Sub15 ou a Taça Distrital Sub19”.

De acordo com o coordenador, “este ano, o arranque de época também está a correr, com algumas das equipas a disputar os primeiros lugares”.

Fez ainda questão de evidenciar que “quanto mais cedo começarem, melhor vai ser a formação das atletas e no futuro isso vai refletir-se ainda mais ao nível da sua qualidade”.

Futebol: uma modalidade para todos

Quando se pergunta se ainda perdura a ideia de que o futebol é para os rapazes, Luís Dias Santos começa por responder que, “hoje em dia, temos muito mais procura, até porque o futebol feminino tem tido mais divulgação”.

Na sua opinião, “o facto de haver mais projeção leva a que as meninas percam um pouco aquela reticência que possam ter em vir jogar futebol e até a nível dos encarregados de educação já é mais fácil de aceitar porque no início tínhamos meninas que só ingressavam mais tarde por existir receio por parte dos pais, por exemplo”.

Diana Condeço tem 17 anos e joga futebol desde os 11. Atualmente, está nas equipas de Sub19 e Sénior do LGC. “Comecei logo no primeiro ano em que houve equipa”, contou, sublinhando que “já tinha jogado Futsal com os rapazes, mas era uma coisa muito informal”.

Reiterou ainda que “assim que houve esta oportunidade vim para a equipa porque jogar com raparigas é totalmente diferente do que com rapazes”.

A jovem confessou que “sempre gostei muito de desporto, nomeadamente de futebol, e a minha família apoiou-me sempre, tal como os professores, por exemplo”.

Para Diana Condeço, “cada vez há menos diferenças entre o futebol feminino e o masculino, quer em termos de quantidade, quer de qualidade porque é notório o crescimento”, comentando que “se temos os escalões de formação é normal que depois haja mais qualidade quando chegarem a seniores”.

Na sua ótica, “o futebol feminino vai crescer mais e acredito que daqui a uns anos esteja em pé de igualdade com o masculino”.

Maria Francisca Almaça é uma das atletas mais novas do LGC. Tem 8 anos e participa no Joga à Bola, bem como na equipa de Sub11. “O meu irmão já jogou futebol e eu também quis vir experimentar”, referiu, confidenciando que “estou a gostar e quero continuar”, ao mesmo tempo que mostrou agrado por haver “muitas raparigas a jogar futebol”.

O pai, João Almaça, que é também diretor das equipas femininas de Sub13 e Sub11 no LGC, salientou que “a Maria Francisca começou a jogar com 4 anos, mas com rapazes porque não havia futebol feminino para estas idades, mas quando houve o futebol feminino mudou”.

Frisou ainda que “houve uma fase em que ela até desistiu porque com os meninos não é a mesma coisa”, afirmando também que “encarei muito bem a escolha dela, tenho outro filho que jogou futebol e ela sempre esteve habituada a ver”.

Para João Almaça, “vamos notar uma grande diferença nos próximos anos no futebol feminino e vai ficar mais equiparado com o masculino, derivado deste trabalho precoce na formação”.

Texto: Redação DS / Marina Pardal
Fotos: DS / LGC

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