É em Vila de Frades, no concelho de Vidigueira, que encontramos o “País das Uvas”, um restaurante tipicamente alentejano, que engloba um projeto mais amplo ligado ao mundo vínico.
O nome é inspirado numa obra de Fialho de Almeida, nascido nesta terra em 1857. O escritor chamava precisamente “’País das Uvas’ a toda esta região devido a quase todos os campos estarem preenchidos pelas vinhas”, explicou, ao Grupo Diário do Sul, António Honrado, o proprietário deste restaurante, adiantando que “quisemos fazer-lhe uma homenagem”.

Mas vamos conhecer como teve início este projeto. “Há 20 anos, eu e a minha mulher, Jacinta Belbute Penas, comprámos uma taberna típica que aqui existia, onde se serviam vários petiscos e onde também se fazia vinho de talha e aguardente”, contou António Honrado.

Acrescentou que “propusemo-nos em legalizar a taberna e em transformá-la no restaurante ‘País das Uvas’”, sublinhando que “continuámos a melhorar o vinho de talha e hoje temos o vinho engarrafado, marca Honrado, que inclui vinho branco, tinto e palhete (uvas brancas e tintas que fermentam juntas)”.
O empresário revelou também que, “no total, a produção anual ronda as 15 mil garrafas e, na altura de novembro e dezembro, os clientes vêm buscar o vinho de talha em garrafão, o que representa mais uns dez mil litros a granel”.
A par disso, destacou que “temos a Cella Vinária Antiqua, que tem como objetivo o enoturismo”, apontando que “são feitas provas de vinho e é contada a história milenar do vinho de talha, que agora é candidato à lista do Património Cultural Imaterial da Humanidade da UNESCO”.

Segundo o mesmo responsável, “para conclusão do projeto, este ano conseguimos legalizar a destilaria, sendo também pioneiros nos subprodutos do vinho de talha, fazendo então aguardente bagaceira, aguardente vínica de talha e abafado”.
Adiantou que “o medronho fermentado em potes de barro é também a nossa aposta”, explicando que “temos uma plantação de dez hectares de medronho, fermentamos em potes de barro e conseguimos fazer um produto de alta qualidade”.
António Honrado afirmou ainda que “este é um projeto em fileira, conseguimos ter vinhas, plantar os medronheiros e a partir daí trazemos para a adega, transformamos e vendemos ao cliente no próprio local”.
De acordo com o empresário, “ao longo destes 20 anos, temos conseguido atrair milhares de pessoas para o concelho com este nosso projeto, que não é apenas um restaurante, mas um conjunto de experiências ligadas ao mundo vínico”.
Quanto à parte do restaurante, realçou que “sempre apostámos na gastronomia alentejana, em especial a da nossa região”, referindo que os pratos mais procurados são “Cozido de Grão de Porco Preto, Ensopado de Borrego, Migas de Espargos com Carne do Alguidar, Cilarcas com Ovos, Espargos com Ovos, Açorda de Cação, Tomatada com Ovos Escalfados, Sericaia, Bolo de Amêndoa e Gila, Pudim de Laranja ou o Bolo de Mel e Noz”.
O proprietário frisou ainda que, “por norma, temos dez a 12 pratos a rodar”, revelando que, “ao fim de semana, as refeições são habitualmente acompanhadas por cante alentejano”.
Focou também que “o restaurante tem capacidade para 95 pessoas no interior e mais 60 na esplanada e encontra-se aberto das 12h00 às 15h00 e das 19h00 à meia-noite, encerrando à segunda-feira”.
O “País das Uvas” está situado na Rua General Humberto Delgado, 19. Mais informações pelos telefones 284 441 023 ou 968 793 121.
Pode ver a reportagem vídeo em:
https://www.youtube.com/watch?v=hhpvnTwvS3c&t=2s
Autor: Redação DS / Marina Pardal
Fotos: DS