O Alentejo tem confirmado a tese dos virologistas que vêm apontando as zonas de menor densidade populacional como as que, por regra, melhor resistem à pandemia imposta pela covid-19.
Segundo a distribuição do número de infetados por concelho nos mapas divulgados diariamente pela Direção Geral de Saúde (DGS), os três distritos alentejanos somam um total de 30 municípios que escaparam aos afeitos do vírus até aos dias de hoje, enquanto 13 concelhos registaram casos positivos.
O distrito de Portalegre, com cerca de 120 mil habitantes – é o menos populoso de Portugal, mas é também o que tem mais concelhos – surge no mapa epidemiológico com 13 municípios fora da lista da DGS, havendo apenas dois concelhos com registos positivos de covid-19: Elvas com oito infetados e Portalegre com seis.
Já no distrito de Évora há mais nove concelhos sem casos positivos, enquanto cinco municípios não escaparam por agora aos efeitos do vírus – Évora (23 casos positivos), Reguengos de Monsaraz (7), Portel (6), Montemor-o-Novo (7) e Vendas Novas (8) – sendo algumas localidades das mais populosas da região, o que acelera a possibilidade de contactos entre pessoas, agravando o risco de infeção.
Já o distrito de Beja exibe oito concelhos livres de covid-19, para já, enquanto seis não lograram escapar à epidemia, com agravante de Moura exibir um registo preocupante, com um total de 68 casos, segundo o mapa da DGS. Os outros concelhos que já apresentam casos positivos são Beja (14), Cuba (4), Serpa (14), Almodôvar (9) e Odemira (7).
O virologista Pedro Simas, do Instituto de Medicina Molecular, confirma, de resto, que o fator fundamental para esta realidade alentejana estará associado ao reduzido contacto entre as pessoas. Sublinha que, pelas suas características, o Alentejo tem conseguido escapar a ser “avassalado” por um número de casos de infeção grande num curto espaço de tempo, como aconteceu na maioria dos concelhos do Litoral.
De resto, entre os quatro concelhos alentejanos que integram o distrito de Setúbal – e que por isso não são incluídos na contabilidade do Alentejo – apenas Sines continua sem casos positivos de covid-19. Alcácer do Sal (com seis casos), Santiago do Cacém (16) e Grândola (10) não passaram ao lado da pandemia.
Ainda assim, recorde-se que os habitantes dos distritos de Beja e Portalegre estão entre os portugueses que menos respeitaram o período de confinamento em casa, comparativamente com os resultados relativos à média nacional, onde os moradores do distrito de Évora se enquadraram.
A conclusão foi exibida pelo estudo “Covid-19 Insights”, da Cotec Portugal e da Nova Information Management School (NOVA IMS), da Universidade Nova de Lisboa, que mostra as tendências de mobilidade dos portugueses, com recurso aos dados de histórico de localização da Google.
O estudo tem por base a análise por distrito da presença física na via pública e mobilidade nos locais de trabalho, transportes públicos, parques de estacionamento, supermercados e farmácias, retalho e locais de diversão.
De resto, os alentejanos começaram a sair mais de casa durante o segundo período do estado de emergência, entre 3 e 17 de abril, tendo-se registado um aumento do fluxo rodoviário especialmente ao fim de semana, segundo revelou um relatório do Governo.

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